Aluno da Escola Básica 123/Bartolomeu Perestrelo
Educação: em busca de um reordenamento do sentido da vida
‘(…) questão que se coloca sempre é como é que eu sou capaz de abraçar esta experiência negativa e transcendê-la (…)’[1]
Em 1975 um dos cientistas e meditantes de Meditação Transcendental, o endocrinologista precursor das neurociências (criador do conceito de stresse aplicado ao ser humano) Hans Selye (1907-1982), no seu prefácio ao livro de Bloomfield, MT, A Descoberta da Energia Interior…[2] escrevia o seguinte:
– ‘A finalidade da MT não é apenas relaxamento, mas a preparação para a atividade criadora eficaz (…)’ – ou se quisermos, uma preparação tonificante para a ação bem-sucedida. Por seu lado, o stress tóxico bloqueia a criatividade. A boa notícia é que a hormona do stress (cortisol) baixa 30% nos indivíduos que praticam MT[3], e daí resulta a sua eficiência em vários campos da atividade humana.
Por outro lado, coexistem e persistem duas atitudes socio emocionais que poderemos tipificar, se quisermos, de cooperação versus competição. Ambas têm os seus respeitáveis argumentos e com certeza que terão seguramente entre outros lugares, algum impacto no lugar de Portugal no Índice Mundial de Felicidade – o 58º.
Talvez seja pertinente atender ao tema da Felicidade e relacioná-lo com a hipótese da preparação para a ação bem sucedida aplicável (se for o caso) na experiência do ensino-aprendizagem, pois é no contexto do ato educativo, relacional, que se funda continuamente a hipótese de um dado futuro coletivo – de acordo com um dos nossos melhores pedagogos, António Nóvoa.
No seu texto ‘Visão Estratégica…’[4] António Costa e Silva chama a atenção para os contextos e desafios nacionais que ‘requerem um modelo económico inclusivo’, (p. 64), a construção de uma ‘sociedade mais justa, coesa e inclusiva’, (p. 10), ‘inversão do défice de qualificação da população’ (p. 11), para uma economia atlântica e global é preciso ‘(…) o país criar um novo quadro mental’, (p. 27), e ‘(…) a captação de investimentos tem de estar alinhada com um novo quadro mental’, (p. 44).
Ao encontro deste sentido inovador mais aprofundado (um novo quadro mental) para a ação bem sucedida, permanece de acordo com Helena Marujo, ‘(…) uma busca nova de uma interioridade, de um tempo de silêncio (…)’[5]
Dir-se-ia apropriado aperceber uma dada experiência sistémica e genuinamente fundadora (no caso, a MT) aplicável na sua dimensão de responsabilidades climática e social – bem atuais – nas palavras de Maharishi Mahesh Yogi:
– ‘A criação de um mundo melhor deve ser um empreendimento cooperativo. O mundo não é propriedade de ninguém. O mundo é de todos. E deveria ser, virá a ser a alegria de todos tão breve quanto possível – fazer qualquer coisa e tudo o mais – a saber, se esta mensagem alcança o mundo e a raça humana começa a viver uma melhor qualidade de vida na Terra. Há suficiente número de homens de boa vontade no mundo para partilhar a responsabilidade e desfrutar da participação neste anseio global para criar um mundo em plena alegria e erguer a fundação para a paz permanente das gerações vindouras’.
Finalizando, queria deixar ao leitor/a uma pequena ‘joia’ sobre a melhoria significativa das relações interpessoais, na atual fase evolutiva da espécie humana, tendencialmente inerente à relação cooperação/competição a partir da Escola, – a propósito de uma breve e recente reflexão em uma das Escolas que adotaram o Programa Tempo de Silêncio/ Meditação Transcendental em Portugal de 2021:
– ‘Ao longo deste ano letivo os alunos (…), com a colaboração do professor (…), professora (…), estiveram envolvidos no projeto FRIENDS.[6] Este projeto possibilitou nos alunos uma melhoria significativa nas suas atitudes, valores e relacionamentos interpessoais. O desempenho dos alunos também sofreu evoluções, uma vez que estes estavam mais predispostos e concentrados para a aprendizagem após a realização da Meditação Transcendental. Desta forma, consideramos benéfica a continuação deste projeto no próximo ano letivo.’
Parece-me que educar alguém inclui e transcende a ‘matéria dada’, e pode ser considerado como no famoso provérbio da sábia aldeia africana – irrecusável à monumental participação ativa de todos os seus membros.
A boa notícia é que existe uma ferramenta isenta de esforço (onde a mínima concentração na respiração é dispensável) – em troca da aceitação de algo experiencial leve, inócuo e tonificante para a mente.
[1] in Marujo, H. ‘Será muito difícil crescer sem ter esperança no futuro’, Jornal Público, Sociedade, 6 março 21, (pp 22-23).
[2] Bloomfield, H. e al, MT, A Descoberta da Energia interior e o Domínio da tensão, Nova Fronteira, 1975, Rio de Janeiro, (p.12).
[3] Adrenocortical activity during meditation, Hormones and Behavior 10 (1): 56-60, 1978.
[4] In Silva, C. António, ‘Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, 2020, Lisboa.
[5] in Marujo, H. ‘Será muito difícil crescer sem ter esperança no futuro’, Jornal Público, Sociedade, 6 março 21, (pp 22-23).